Por sugestão da psicóloga e acadêmica itapirense, Sylvia
Duque Estrada Maya Atala (Vice-presidente da "Academia Itapirense de Letras e Artes", de Itapira, SP), fui, há algum tempo, conhecer a cidade de Paty do
Alferes, um pequeno polo turístico que completou 27 anos de emancipação em
dezembro de 2014. A terceira maior produtora de tomate do país e primeira do
Estado do Rio de Janeiro é berço da ocupação do interior do Estado e é citada
em artigos e importantes relatos dos grandes estudiosos de história do Brasil,
demonstrando a relevância da história do município na colonização da Região do
Vale do Ciclo do Café. Consta nos registros históricos que no início de
colonização dois Alferes de Ordenança se estabeleceram no local, Leonardo
Cardoso da Silva e Francisco Tavares. Através da junção do nome Alferes com
patis, uma espécie de palmeira abundante na região, surge então Paty de
Alferes, que antes era chamada de “Roça do Alferes”. Um dos mais importantes
levantes de negros do estado aconteceu em Paty do Alferes. Liderada por Manoel
Congo, em 1838, a fuga em massa da Fazenda Freguesia causou pânico entre os
fazendeiros. Uma região que dependia da mão-de-obra escrava viu sua estrutura
estremecer nesta ocasião que entrou para os livros de história do Brasil.
Mas, somente no ano de 1987, a cidade, conhecida por ser
grande produtora de tomate, a maior do estado do Rio e a terceira do Brasil,
foi emancipada. No feriado de Corpus Christi acontece a Festa do Tomate
realizada no distrito de Avelar para celebrar o auge da produção rural que
costuma ocorrer nesta data. Outro evento importante da região é a Festa do Doce
que nasceu no mesmo ano da instalação do município, no Sábado de Aleluia, e em
pouco tempo tornou-se um evento tradicional do calendário de Paty do Alferes. Nas
primeiras edições, a festa era realizada durante o final de semana, mas a
partir de 1993, o calendário do evento passou a ter início na Sexta-feira
Santa. O evento acontece no pátio da antiga Estação Ferroviária e no seu
entorno (Praça Professor George Jacob Abdue, em frente ao Fórum, e na Rua João
Paim, no centro da cidade), durante o feriado da Semana Santa. A Festa do Doce
caracteriza-se pela exposição e venda de doces caseiros produzidos pelas
doceiras de Paty do Alferes.
Indo pela Rodovia RJ 125 – Estrada Paty do Alferes, Km 11 – ainda
no Distrito de Avelar, iremos encontrar uma das mais belas propriedades
agrícolas e históricas da região. Fundada em 1770, pelo Ten. Antônio Ribeiro de
Avelar e seu irmão João Rodrigues da Cruz, a Fazenda Pau Grande foi fértil produtora
de açúcar, tendo o maior engenho de cana fluminense. A partir de 1810,
dedicou-se à lavoura de café e se tornou uma das mais importantes produtoras do
Vale do Paraíba. Por volta de 1865 a fazenda possuía 860 mil pés de café. O
casarão, constituído em dois pavimentos, possui no primeiro andar, uma fachada
principal que apresenta 12 janelas de madeira e 3 portas principais também em
madeira. No segundo pavimento existem 16 janelas de madeira com sacadas e
grades de ferro importados da Europa. Na sua volumetria nota-se a existência de
duas alas, unidas pela capela, resultando uma planta em formato de “U”, com
pátio nos fundos. Realmente é um lugar que vale a pena conhecer assim como todo
o entorno de Avelar e de Paty do Alferes, conhecida como a ‘Cidade Carinho’,
que dispõe de muitas pousadas aconchegantes.
(Fotos: divulgação)
· * Thiago
de Menezes é jornalista especializado em Turismo e credenciado pela EMBRATUR.
Membro da ACONBRAS e AIERJ. Contato: thiagoturismo@yahoo.com.br
Brasão de Paty do Alferes
Obs: Matéria publicada originalmente em minha coluna de Turismo do jornal "A Gazeta" (Itapira, SP) na data de 14 de fevereiro de 2015 e republicada no Portal da AIERJ - Associação de Imprensa do Estado do Rio de Janeiro em Julho de 2015, disponível no seguinte link:http://aierj.org/site/descobrindo-paty-do-alferes/
Bandeira de Paty do Alferes
Paty do Alferes, Rio de Janeiro: Fundada em 15 de dezembro de 1988
Um comentário:
Bom dia Sr. Thiago ! Recentemente vim a saber que em vossa cidade há uma rua com o mesmo nome do meu pai, Rua João Paim e então nos veio a curiosidade de saber quem foi este Sr. e se teve alguma importância relevante em Paty do Alferes e qual foi.
Desde já agradeço pela sua atenção.
Obrigado e att,
Roberto C. Paim
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