Há
Turismo na Guiné-Bissau
Por Thiago
de Menezes*
A Guiné-Bissau,
oficialmente República da Guiné-Bissau, que foi a primeira colônia portuguesa
no continente africano a ter a independência reconhecida por Portugal, é um
país da África Ocidental que faz fronteira com o Senegal ao norte, Guiné ao sul
e ao leste e com o Oceano Atlântico a oeste. O território guineense abrange
36.125 quilômetros quadrados de área, com uma população estimada de mais de 1,6
milhão de pessoas.
Historicamente a
Guiné-Bissau fazia parte do Reino de Gabu, bem como parte do Império Mali.
Partes deste reino persistiram até o século XVIII, enquanto algumas outras
estavam sob domínio do Império Português desde o século XVI. No século XIX, a
região foi colonizada e passou a ser referida Guiné Portuguesa. Após a
independência, declarada em 1973 e reconhecida em 1974, o nome de sua capital,
Bissau, foi adicionada ao nome do país para evitar confusão com a Guiné (a
antiga Guiné Francesa).
Há sim muito turismo a
ser explorado e divulgado no país. A Guiné-Bissau tem belas praias, antigas
tradições culturais, patrimônio histórico da época da Guiné Portuguesa e opções
excelentes de ecoturismo, principalmente no Arquipélago de Bijagós, que é
composto por 88 ilhas e ilhéus, localizadas na costa do Oceano Atlântico da
Guiné-Bissau, separado do continente pelos canais do Geba, Pedro Álvares,
Bolama e Canhabaque. As principais ilhas são Ganogo, Bubaque, Meneg,
Orangozinho, Sogá, Orango, Uno, Uracane, Rubane, Eguba, Canhabaque, Formosa,
Ponta, Maio, Caravela, Caraxe, Unhocomo, Unhocomozinho e Galinhas. No século
15, essas ilhas eram habitadas pelo povo bijagós. Os europeus começaram a
habitá-las no século 18. Os ingleses estabeleceram-se na ilha de Bolama, em
1792, mas a abandonaram depois de cerca de 17 anos, por causa dos muitos
ataques dos nativos. Em 1870, os portugueses tomaram posse das ilhas. Os
bijagós ainda habitam algumas ilhas do arquipélago. Desde 1996, o Arquipélago
está na lista da Unesco como reserva da biosfera. Possui grande diversidade de
flora e fauna, incluindo espécies raras de hipopótamos e crocodilos, com a
predominância da floresta do mangue, e fauna, pois é rodeado de águas calmas,
povoado também por macacos, aves pernaltas, tartarugas marinhas, lontras,
peixes, moluscos e mariscos e ainda espécies raras de hipopótamos e crocodilos,
em um mar que ainda não sabe o que é a poluição.
O País também tem
alguns parques nacionais, em áreas protegidas. Nas florestas e savanas
arborizadas do país podem ainda encontrar-se variadas espécies de grandes
mamíferos como o leão, a hiena, o búfalo, o porco do mato e muitas espécies de
gazelas e antílopes, bem como grande variedade de primatas, entre os quais
babuínos. Já no século XVI André Álvares d'Almada dera destaque à grande
bio-diversidade, que assinalava o país de variadas formas: «Muitas gazelas,
elefantes, leões, onças e outros muitos animais»; «galinhas pintadas e outras
aves. Nos rios andam garças reais, pelicanos, patos, marrecas e outras aves
marinhas”. Curiosa era a descrição dos hipopótamos: «Há muitos cavalos
marinhos, têm a feição do corpo como de boi e o corpo maior que de um cavalo,
as mãos curtas e as unhas fendidas, a cabeça curta e os dentes grandes. Parem
dentro dos rios debaixo de água, e onde está alguma parida correm risco as
embarcações pequenas». Os portugueses descobriram lá, pela primeira vez, o
hipopótamo, sob a forma de uma variedade muito especial e única, adaptada à
água salgada! Pode ser avistado nas ilhas Bijagós.
O litoral da Guiné é
caracterizado por uma plataforma continental ampla, sobre a qual assenta um
arquipélago composto por quase uma centena de ilhas e por inúmeros sistemas
estuarinos de uma fecundidade extrema: cobertos por extensos tarrafes, permitem
que os recursos em peixes, crustáceos e moluscos se renovem de uma forma
eficaz, num eco-sistema alimentando numerosas populações de tubarões,
manatins-africanos, de golfinhos e roazes. Nas praias Bijagós desovam
regularmente quatro espécies de tartarugas-marinhas ameaçadas, como a
tartaruga-verde.
Poucos sabem, mas a
Guiné-Bissau possui um património cultural bastante rico e diversificado. As
diferenças étnicas e linguísticas produziram grande variedade a nível da dança,
da expressão artística, das profissões, da tradição musical, das manifestações
culturais. A dança é, contudo, uma verdadeira expressão artística dos diversos
grupos étnicos. Os povos animistas caracterizam-se pelas belas e coloridas coreografias,
fantásticas manifestações culturais que podem ser observadas correntemente por
ocasião das colheitas, dos casamentos, dos funerais, das cerimónias de
iniciação. O estilo musical mais importante é o gumbé. O Carnaval guineense,
completamente original, com características próprias, tem evoluído bastante,
constituindo uma das maiores manifestações culturais do País. Na literatura,
ainda considerada incipiente, destacam-se os nomes de Abdulai Silla, autor do
primeiro romance de Guiné-Bissau, e Marinho de Pina.
Como o turismo em
Guiné-Bissau vem surgindo com importância recente, as autoridades guineenses
puseram em curso, com a ajuda do Instituto da Biodiversidade e das Áreas
Protegidas (IBAP), projetos de desenvolvimento de infraestruturas e de
atividades geradoras de rendimento para a população para assegurar a gestão
desses espaços e planear novas reservas naturais. Interessante ressaltar que,
para divulgar o turismo daquele país africano, ocorreu em fevereiro de 2016 o
lançamento oficial do guia turístico "À descoberta da Guiné Bissau",
uma publicação financiada pela União Europeia e realizada pela ONG portuguesa
Afectos com Letras, e com o apoio do Ministério do Turismo e do Artesanato da
Guiné-Bissau. Já o Ministério do Turismo e do Artesanato, sob direta
dependência do gabinete do Primeiro-ministro, é o departamento governamental
responsável pelo Turismo no país.
E a República da
Guiné-Bissau, cujo lema é "Unidade, Luta, Progresso", foi muito bem
representada no Brasil durante muitos anos através da profícua atuação do cônsul
honorário Tcherno Ndjai, então o único representante diplomático no Brasil, que
atuava perante o Consulado Honorário da Guiné-Bissau em Campinas, que foi a
única representação oficial do país no Brasil por muitos anos. Sabemos que o
Brasil reconheceu a independência da República da Guiné-Bissau em 1974, tendo
sido o primeiro país fora do então bloco socialista a fazê-lo. A Embaixada do
Brasil em Bissau foi aberta naquele mesmo ano. A Embaixada da Guiné-Bissau em
Brasília foi inaugurada em 2011. A Guiné-Bissau é um parceiro importante do
Brasil na África, havendo importantes projetos de cooperação técnica bilateral
e no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Em 1978
assinou-se o Acordo de Cooperação Técnica entre Brasil e Guiné-Bissau.
Atualmente ainda é verificada a atuação e o empreendedorismo do cônsul de Guiné
Bissau, Sr Luiz Douglas Ferreira (foto abaixo, ao centro com autoridades africanas), que coordena muitas ações culturais, sociais
e de turismo em alguns estados brasileiros à essa nação que participa de
organizações internacionais importantes como ONU (Organização das Nações
Unidas), FMI (Fundo Monetário Internacional), Banco Mundial, OMC (Organização
Mundial do Comércio) e UA (União Africana).
Já o rico e pouco
conhecido turismo guineense tem que ser explorado, difundido, assim como as
tradições culturais e históricas do país devem ser preservadas. Esse é o
intento de pessoas ligadas ao turismo e as relações internacionais da Guiné
Bissau não somente com o Brasil, mas também com os países de língua portuguesa
e demais.
(Fotos: Divulgação / Reprodução)
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