sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Há Turismo na Guiné-Bissau


Há Turismo na Guiné-Bissau


Por Thiago de Menezes*



A Guiné-Bissau, oficialmente República da Guiné-Bissau, que foi a primeira colônia portuguesa no continente africano a ter a independência reconhecida por Portugal, é um país da África Ocidental que faz fronteira com o Senegal ao norte, Guiné ao sul e ao leste e com o Oceano Atlântico a oeste. O território guineense abrange 36.125 quilômetros quadrados de área, com uma população estimada de mais de 1,6 milhão de pessoas.




Historicamente a Guiné-Bissau fazia parte do Reino de Gabu, bem como parte do Império Mali. Partes deste reino persistiram até o século XVIII, enquanto algumas outras estavam sob domínio do Império Português desde o século XVI. No século XIX, a região foi colonizada e passou a ser referida Guiné Portuguesa. Após a independência, declarada em 1973 e reconhecida em 1974, o nome de sua capital, Bissau, foi adicionada ao nome do país para evitar confusão com a Guiné (a antiga Guiné Francesa).

Há sim muito turismo a ser explorado e divulgado no país. A Guiné-Bissau tem belas praias, antigas tradições culturais, patrimônio histórico da época da Guiné Portuguesa e opções excelentes de ecoturismo, principalmente no Arquipélago de Bijagós, que é composto por 88 ilhas e ilhéus, localizadas na costa do Oceano Atlântico da Guiné-Bissau, separado do continente pelos canais do Geba, Pedro Álvares, Bolama e Canhabaque. As principais ilhas são Ganogo, Bubaque, Meneg, Orangozinho, Sogá, Orango, Uno, Uracane, Rubane, Eguba, Canhabaque, Formosa, Ponta, Maio, Caravela, Caraxe, Unhocomo, Unhocomozinho e Galinhas. No século 15, essas ilhas eram habitadas pelo povo bijagós. Os europeus começaram a habitá-las no século 18. Os ingleses estabeleceram-se na ilha de Bolama, em 1792, mas a abandonaram depois de cerca de 17 anos, por causa dos muitos ataques dos nativos. Em 1870, os portugueses tomaram posse das ilhas. Os bijagós ainda habitam algumas ilhas do arquipélago. Desde 1996, o Arquipélago está na lista da Unesco como reserva da biosfera. Possui grande diversidade de flora e fauna, incluindo espécies raras de hipopótamos e crocodilos, com a predominância da floresta do mangue, e fauna, pois é rodeado de águas calmas, povoado também por macacos, aves pernaltas, tartarugas marinhas, lontras, peixes, moluscos e mariscos e ainda espécies raras de hipopótamos e crocodilos, em um mar que ainda não sabe o que é a poluição.




O País também tem alguns parques nacionais, em áreas protegidas. Nas florestas e savanas arborizadas do país podem ainda encontrar-se variadas espécies de grandes mamíferos como o leão, a hiena, o búfalo, o porco do mato e muitas espécies de gazelas e antílopes, bem como grande variedade de primatas, entre os quais babuínos. Já no século XVI André Álvares d'Almada dera destaque à grande bio-diversidade, que assinalava o país de variadas formas: «Muitas gazelas, elefantes, leões, onças e outros muitos animais»; «galinhas pintadas e outras aves. Nos rios andam garças reais, pelicanos, patos, marrecas e outras aves marinhas”. Curiosa era a descrição dos hipopótamos: «Há muitos cavalos marinhos, têm a feição do corpo como de boi e o corpo maior que de um cavalo, as mãos curtas e as unhas fendidas, a cabeça curta e os dentes grandes. Parem dentro dos rios debaixo de água, e onde está alguma parida correm risco as embarcações pequenas». Os portugueses descobriram lá, pela primeira vez, o hipopótamo, sob a forma de uma variedade muito especial e única, adaptada à água salgada! Pode ser avistado nas ilhas Bijagós.

O litoral da Guiné é caracterizado por uma plataforma continental ampla, sobre a qual assenta um arquipélago composto por quase uma centena de ilhas e por inúmeros sistemas estuarinos de uma fecundidade extrema: cobertos por extensos tarrafes, permitem que os recursos em peixes, crustáceos e moluscos se renovem de uma forma eficaz, num eco-sistema alimentando numerosas populações de tubarões, manatins-africanos, de golfinhos e roazes. Nas praias Bijagós desovam regularmente quatro espécies de tartarugas-marinhas ameaçadas, como a tartaruga-verde.



Poucos sabem, mas a Guiné-Bissau possui um património cultural bastante rico e diversificado. As diferenças étnicas e linguísticas produziram grande variedade a nível da dança, da expressão artística, das profissões, da tradição musical, das manifestações culturais. A dança é, contudo, uma verdadeira expressão artística dos diversos grupos étnicos. Os povos animistas caracterizam-se pelas belas e coloridas coreografias, fantásticas manifestações culturais que podem ser observadas correntemente por ocasião das colheitas, dos casamentos, dos funerais, das cerimónias de iniciação. O estilo musical mais importante é o gumbé. O Carnaval guineense, completamente original, com características próprias, tem evoluído bastante, constituindo uma das maiores manifestações culturais do País. Na literatura, ainda considerada incipiente, destacam-se os nomes de Abdulai Silla, autor do primeiro romance de Guiné-Bissau, e Marinho de Pina.




Como o turismo em Guiné-Bissau vem surgindo com importância recente, as autoridades guineenses puseram em curso, com a ajuda do Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP), projetos de desenvolvimento de infraestruturas e de atividades geradoras de rendimento para a população para assegurar a gestão desses espaços e planear novas reservas naturais. Interessante ressaltar que, para divulgar o turismo daquele país africano, ocorreu em fevereiro de 2016 o lançamento oficial do guia turístico "À descoberta da Guiné Bissau", uma publicação financiada pela União Europeia e realizada pela ONG portuguesa Afectos com Letras, e com o apoio do Ministério do Turismo e do Artesanato da Guiné-Bissau. Já o Ministério do Turismo e do Artesanato, sob direta dependência do gabinete do Primeiro-ministro, é o departamento governamental responsável pelo Turismo no país.



E a República da Guiné-Bissau, cujo lema é "Unidade, Luta, Progresso", foi muito bem representada no Brasil durante muitos anos através da profícua atuação do cônsul honorário Tcherno Ndjai, então o único representante diplomático no Brasil, que atuava perante o Consulado Honorário da Guiné-Bissau em Campinas, que foi a única representação oficial do país no Brasil por muitos anos. Sabemos que o Brasil reconheceu a independência da República da Guiné-Bissau em 1974, tendo sido o primeiro país fora do então bloco socialista a fazê-lo. A Embaixada do Brasil em Bissau foi aberta naquele mesmo ano. A Embaixada da Guiné-Bissau em Brasília foi inaugurada em 2011. A Guiné-Bissau é um parceiro importante do Brasil na África, havendo importantes projetos de cooperação técnica bilateral e no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Em 1978 assinou-se o Acordo de Cooperação Técnica entre Brasil e Guiné-Bissau. Atualmente ainda é verificada a atuação e o empreendedorismo do cônsul de Guiné Bissau, Sr Luiz Douglas Ferreira (foto abaixo, ao centro com autoridades africanas), que coordena muitas ações culturais, sociais e de turismo em alguns estados brasileiros à essa nação que participa de organizações internacionais importantes como ONU (Organização das Nações Unidas), FMI (Fundo Monetário Internacional), Banco Mundial, OMC (Organização Mundial do Comércio) e UA (União Africana).




Já o rico e pouco conhecido turismo guineense tem que ser explorado, difundido, assim como as tradições culturais e históricas do país devem ser preservadas. Esse é o intento de pessoas ligadas ao turismo e as relações internacionais da Guiné Bissau não somente com o Brasil, mas também com os países de língua portuguesa e demais.


(Fotos: Divulgação / Reprodução)



Thiago de Menezes*: Escritor e jornalista de turismo e consular. Adido de Imprensa da ACONBRAS – Associação dos Cônsules Honorários no Brasil. Presidente da FALASP – Federação das Academias de Letras e Artes do Estado de São Paulo e ex-Agente Consular do Consulado Honorário da República da Guiné Bissau.



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